Maratona do Vinho por André Gomes
…um humilde relato daquele que sempre sonha em ir às provas e viagens pelo mundo…e vai…
Mesmo com uma prova marcada para o calor de fevereiro, com treinos prejudicados pelo calor sufocante do Rio de Janeiro, topei o desafio de correr entre os vinhedos de Bento Gonçalves.
Reforçado ainda pelo pedido de meu pai, que é meu companheiro de viagens mundo afora, e que faria Bodas de Ouro com minha mãe, uni o útil ao agradável.
Sabia que o circuito seria desafiador, não faço corridas trail desde 2014, quando corri 7 provas neste estilo, vinha de um descanso e dos “panetones” das festas de final de ano.
Eu não me cobro pace de queniano, minha vibe para corridas longas é a curtição
porém, tento manter o meu condicionamento físico razoável para que eu não “sofra” na prova e me divirta sem nenhum contratempo.
A retirada do kit foi no saguão do hotel em que fiquei hospedado, tudo sem atropelos e organizado.
Depois de bater perna pelas cidades próximas na sexta e sábado, eis que chega o grande dia.
A organização da prova disponibilizou transporte do hotel até o local da largada, ida e volta, o hotel por sua vez, serviu o café da manhã antes de seu horário normal. Como eu havia alugado um carro, poderia ir mais tarde um pouco, não necessitando utilizar o transporte oferecido pela organização.
A largada ficava uns 10” de carro do hotel.
A arena foi montada em um campo de futebol, uma replica da pipa que fica na entrada da Cidade de Bento Gonçalves foi montada na largada/chegada e dava a temática da prova, várias tendas espalhadas pelo gramado, barris de madeira, um grande tonel com várias bicas onde saia…vinho…
sim…vinho à vontade.
A organização também deu aos corredores uma taça personalizada de acrílico e um voucher, onde você poderia degustar cerveja de vinho (maaaaravilhosa!), suco de uva, frutas e macarrão. Taça e garrafa de vinho cenográficos gigantes, além de quadros com uvas de verdade fazia a festa das selfies…
…ah …tinha a corrida… já ia esquecendo!
O tempo colaborou, nublado, alguns chuviscos e temperatura em torno de 22º.
Lá fui eu para a minha 130ª corrida, 21ª Meia Maratona e 2ª corrida de 2020.
Noite mal dormida, ansiedade, despertador que não tocava (conferido de hora em hora), 130 vezes a mesma coisa.
A largada foi pontualmente as 7:30, junto com o pessoal da “pequena corrida”, como eles chamaram a corrida de 5k e da caminhada.
A maratona, teve sua largada as 6:00, juntamente com o revezamento. Logo na largada, uma descida com os escorregadios paralelepípedos, já mostrava o que viria.
Depois alguns quilômetros no asfalto, entre subidas, descidas, plantações de uvas margeavam todo o percurso, pontos de hidratação com agua e você já estava literalmente viajando nas paisagens, os olhos se viram involuntariamente para os parreirais repletos de uvas prontas para serem colhidas e você começa se imaginar ali dentro.
A imaginação dura pouco, porque você é levado pelas placas do percurso a correr… no meio deles, isso mesmo!
Você corre desviando dos cachos de uvas, passa por dentro das plantações, dá de cara com famílias inteiras em frente as casas, saudando e oferecendo uvas, água e um bom dia naquele sotaque característico sulista; você para, cumprimenta, bebe a água, pega um cacho de uva, tem vontade de bater um papo…
…ah …tinha a corrida… já ia esquecendo!
…continuo correndo, caminhando ou trotando nas subidas as vezes tão íngremes, que você sobe com as mãos na frente da coxa… descidas com pedras, olha o freio!
A lembrança de que aquilo é uma prova aparece quando você vê o ponto de hidratação com isotônico, refrigerante e água, à certa altura arrisquei a retirar um pequeno cacho de uvas de um parreira que margeava a estrada (quem precisa de gel energético???).